A primeira imagem que se pode elaborar sobre o livro de um comissário de polícia é de que relata uma sequência de crimes, tendo como personagens ladrões, falsificadores, estelionatários, assassinos, traficantes e também cidadãos comuns em momentos de loucura, numa sucessão de fatos que entristecem e mostram a dureza da vida real. Afinal, a sociedade brasileira dos últimos 30 anos não rumou para sua redenção, isso é certo!

Porém, o comissário Dalbosco soube explorar com sagacidade a realidade nua e crua do dia a dia da polícia civil rio-grandense e transformá-la num texto ágil, bem-humorado e perspicaz.

Sim, as histórias tristes que fazem questionar a sanidade da raça humana são parte do livro, como seria esperado, mas o fio condutor da narrativa é a visão de um personagem real sobre a ação da polícia na proteção da sociedade e no combate ao crime, investigando, coibindo, prevenindo e agindo para devolver um pouco de lucidez a um mundo que, ao que parece, “perdeu a tramontana”, como afirma o autor.