Lois Lane, uma jovem jornalista escolhe viver clandestinamente, seduzida pela possibilidade de uma revolução armada, que possa precipitar as transformações sociais que busca. Ao mesmo tempo em que se envolve nos preparativos da rebelião, ela se depara com estranhas personagens que parecem transitar num mundo paralelo, no tempo e espaço, cujo pano de fundo é a saga do povo Carijó, indígenas que habitavam o litoral catarinense já à época das primeiras incursões de navegadores no Brasil. A partir da lenda de M´bere e Teçá, a narrativa revela a desintegração da cultura ameríndia, desde os primeiros contatos com o europeu até os dias de hoje.

Sob uma narrativa nem sempre convencional, não linear, quase fantástica, repleta de referências da cultura pop, Lois e seu companheiro Ratso RiZzo se veem envolvidos no desaparecimento misterioso de uma dançarina de bordel do cais do porto e em diversos atentados incendiários, próprios da guerrilha urbana.

Com referências históricas, elementos da pop art e uma narrativa lírica, mas inovadora, o autor Iberê do Nascimento transita com as diferentes pessoas do verbo como quem intercala diferentes câmeras em um set cinematográfico. Metalinguagem, poesia e realidades distópicas se encontram e criam o ambiente ideal para este romance singular: bonito na forma e existencial em essência.